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Histórias para Unir o Brasil: Cenas do Carnaval

Qual a diferença entre esquerda e direita hoje?

Duas cenas reais de carnaval ajudam a explicar.

Estamos num bloco de carnaval da elite branca. Um celular é roubado.

O bandido e logo capturado pela própria vítima.


A partir daí:


História 1: A vítima do roubo diz que vai entregar o criminoso a polícia. Mas um ativista de esquerda que estava no bloco pede a fala. Explica que aquele criminoso é apenas uma vítima da luta de classes, da sociedade patriarcal e do racismo. Se ele roubou é porque precisa. Nós, que somos conscientes, temos que saber que é apenas um sintoma da luta de classes. A massa de elite branca – que nesse caso, também era esquerda caviar – concorda. O bandido é solto. O ativista se anima com seu sucesso e decide lacrar. E lacra acusando a vítima. Diz que esse tipo de comportamento (querer prender o bandido), prova que você, (no caso, a vítima do crime) é apenas um racista que não sabe dos seus privilégios de elite branca!! Todos concordam. Alguns gritam: racista! O ex-vitima atual-algoz é excluído do grupo da esquerda caviar e perde muitos amigos. Um detalhe curioso que ficará para sempre na mente do ex-vitima: o ativista de esquerda que o acusou estava fantasiado de diabinho.


História 2: O criminoso que roubou o celular é entregue à polícia que, ali mesmo, dá uma surra imensa no criminoso, na frente de todos. Eles se chocam. Se no outro episódio a vítima virou algoz, nesse o bandido virou vítima. Depois de surrado e humilhado ele e levado à delegacia aonde será rapidamente condenado.


Se continuar a História podemos imaginar as próximas cenas. E podemos também preencher com um histórico do criminoso. Quem é ele afinal? Para complicar a História e mostrar os extremos, vamos trabalhar com hipóteses:


Na Opção 1 o criminoso tinha um vasto histórico de crimes. Solto dali se motivará a roubar em outros blocos. Já a vítima virará um direitista radical, daqueles que acham que bandido bom é bandido morto.


Na Opção 2 o criminoso tentou seu primeiro roubo e, só fez isso, por pressões econômicas. Depois da humilhação de ser tachado como bandido e de anos na escola do crime (chamada presidio) ele voltara mais revoltado e realmente se tornará um bandido perigoso.


Continuando nossa História da Opção 1, podemos imaginar o vendedor de cervejas, um homem negro, pobre e trabalhador. Ele vê aqueles ricos permitindo o roubo de celulares e se sente um idiota. De que adianta trabalhar honestamente? Ele também perde a fé na justiça. Ele não se torna um criminoso (pois não tem disposição), mas vira um fã da pena de morte para criminosos. Ele quer combater a injustiça, pensa ele.


Já na Opção 2 poderemos imaginar os filhos do criminoso réu-primário que foi condenado. Eles ficam sem a ajuda financeira e presença do pai em casa. Sem opções e inspirados pelos conselhos raivosos do pai presidiário, logo se tornam também criminosos. Mas, vale lembrar, que raramente um criminoso é preso em seu primeiro crime. E que a falta de punição é algo que incentiva ele a continuar.


Se tratarmos nossa História como sátira tragicômica ela pode chegar a extremos. Na Opção 1 o ativista convence todos do bloco Elite branca/esquerda caviar que a perda do celular é uma espécie de oferenda ritualística que ameniza a luta de classes. O criminoso, esperto, percebe que roubar ali é o lugar mais seguro e avisará seus amigos. Aquele bloco será o campeão de furtos. Mas os elite branca deixam tudo acontecer, pois sentiam sua culpa amenizada ao serem roubados.


No entanto alguns, de elite mas mais espertos, começam a levar celulares antigos para os blocos. “Oferenda ok, mas não do meu celular de ponta”, diz o individualista de esquerda caviar. E sempre que um negro entra no bloco todos vem, simpáticos e com celulares disponíveis para serem roubados e pagar sua dívida histórica. Sem nem perceber que estão sendo racistas.


Na Opção 2, os policiais começarão a punir cada pequeno roubo, gerando a maior população carcerária do mundo. Cada um que e preso acaba saindo da cadeia e volta mais profissional e faz roubos maiores gerando um ciclo sem fim.


Uma observação e importante: A Opção 2 já está acontecendo. A distopia virou realidade.


Essas duas formas de lidar com o furto diz algo sobre como pensa a esquerda e a direita. Mas o curioso é que ambas chegam no mesmo polo: um aumento da criminalidade. Uma vê o bandido como vítima e, dessa forma, ajuda a crescer o crime. Outra, transforma o bandido em vítima da violência extrema e injustificada, também ajudando a crescer o crime.


Mas tem algo positivo que une direita e esquerda: ambos querem justiça.


Um esquerdista acredita pensar na justiça social, mas como ela não existe realmente, simplesmente deixa de fazer justiça. O direitista faz uma injustiça ao não ouvir o lado do bandido e, dessa forma, transforma a justiça em injustiça. Um não acredita na justiça e já desistiu dela, outro não sabe que justiça pressupõem ouvir os dois lados.


Temos que chegar ao normal, ao caminho do meio, ao estado de direito. Temos que todos lutar pelo mesmo: pela justiça que ouve ambos os lados.


Evidentemente sabemos o que seria de bom senso: ele ser preso e ter uma pena condizente com seu histórico criminal. Cada caso um caso. Um réu primário pode não ir preso, por exemplo. Existir atenuantes se ele está com dificuldades financeiras, etc..


Isso é o bom senso.


Quem não acredita nisso - seja porque já desistiu de buscar justiça e optou por defender criminosos mesmo, seja porque e perfeccionista e quer ser rígido e acha que quem cometeu um pequeno crime já e criminoso para a eternidade – já desistiu da civilização e do Estado de direito.


Não faça isso. O estado de direito e uma grande conquista. Se desistirmos dele (seja pela esquerda, seja pela direita), ele realmente acabara. Se você está assim, sem fé na justiça, é simples: basta reconhecer que foi tomado pelo ódio, seja o ódio da opressão e racismo do estado, seja ódio do bandido. Foi isso. Você perdeu a fé. Saia dessa. Sei que não e fácil: mas não temos outra opção além de lutar por justiça.


Fica sempre a questão de como lidar com isso na realidade. Se você e a vítima e teve seu celular roubado, o que você prefere? Considerar o celular uma oferenda para a questão da concentração de renda e abrir mão da justiça? Ou prefere entregar o criminoso a uma justiça injusta? É difícil dizer. Depende muito. Pessoalmente, quando fui roubado eu preferi a primeira opção. Mas eu não tenho grande apego por celulares. Se você optar por isso acho legal. Só não precisa ficar contando prosa disso, pois isso incentiva o crime. Apenas faca em silêncio. É muito feio gente que conta prosa de ser bonzinho por simplesmente fazer o que acha mais justo. E não e porque você fez isso que você e iluminado e paladino da justiça. Não precisa sair por aí julgando quem faz diferente. Não precisa fazer como o ativista da História que concluiu que a vítima é racista só porque queria o bandido preso. Às vezes, ele não é racista, apenas queria justiça mesmo. Acho que é o mesmo que uma decisão de foro íntimo e cada um pode buscar o que considera mais justo (e o que acredita gerará mais pacificação para o sistema como um todo, um pouco além de si mesmo) dentro de um sistema que todos sabemos ser injusto. Nenhuma decisão é ideal, todas geram alguma injustiça.


Como cada um age na hora H, no entanto, não precisa nos separar do ideal que acreditamos. Podemos e devemos ter o mesmo ideal: um sistema mais justo, que puna de acordo com o crime e o histórico do criminoso, como é previsto em todos os sistemas jurídicos. Temos que ter esse elo em comum.


Quando a esquerda radicaliza e julga quem ficou furioso em ter seu celular roubado ela apenas condena mais um cidadão a ser um direitista raivoso.


Sai dessa. Quando acontece isso considere um acidente, uma tragédia. Todos são vítimas de alguma forma. Evite ter ódio de vítimas, evite tirar a sensação de justiça de uma vítima. Respeite a dor do outro, mesmo a dor de ser roubado. E saiba, que o fato do criminoso ser vítima (no fundo, todos somos vítimas, e de fato e alguns são muito mais), pode reduzir a pena. Mas que alguma punição será necessária.


Vamos aprender a dialogar. O diálogo surge do que nos une. Esquece um instante o que nos separa, foque sempre no que nos une. A busca por justiça é algo que pode nos unir.



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