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Foto do escritorNewton Cannito

Como identificar (e fugir) de uma Teoria da Conspiração 





Nos dias de hoje a raiva move o mundo.


Foi o que concluí ao terminar de ler os “Engenheiros do Caos”, livro sobre como o ambiente digital fez surgir a polarização atual e como isso ameaça nossa civilização e nossa felicidade.

Como a raiva move o mundo?

Por teorias da conspiração disseminadas pelas Redes Digitais.

O fascismo atual, veio das redes digitais, ele começa nos algoritmos do Facebook, que formam bolhas de pessoas semelhantes entre si, que vão se diferenciando das outras. (como mostra o documentário “o Dilema das Redes”).

Ele também percorre as  Fake news, mas o fascismo atual se sedimenta mesmo nas Teorias de Conspiração. 

Uma fake news, para ter êxito, precisa estar “inserida” em uma Teoria da Conspiração.

Ela funciona melhor quando a falsa notícia comprova a visão de mundo conspiratória que o receptor já possui.

Portanto, as Teorias de Conspiração são a verdadeira base de todos os extremismos, de todo processo de radicalização, de todo ódio que virou pandêmico em nossa sociedade e que tem pautado o debate político /social..

O que são Teorias da Conspiração?

São basicamente histórias.

Ou seja, as histórias é que estão dominando o mundo,sem elas nem o algoritmo resolve.

Teorias da Conspiração são um tipo específico de histórias, são narrativas criadas para mostrar lógicas inusitadas entre acontecimentos aparentemente dispersos, mas quando concatenados, fazem toda narrativa.

Porém as Teorias da conspiração são histórias que pioram o mundo, pois nos enganam com explicações falsas e catalisam o que há de pior em nós, nos levando a uma energia destrutiva.

E elas existem em todos os lados do espectro político, da direita à esquerda. E são, notoriamente, mais eficazes nos extremos do campo político, seja a extrema direita e a extrema esquerda.

Outras histórias, no entanto, ajudam a melhorar o mundo

Como diferenciá-las? Qual a diferença?

Primeiros os fatos, claro.

Uma boa história jornalística obviamente possui uma ética básica: diferenciar fatos reais e ficcionais com clareza para o público.

Já muitas Teorias da Conspiração trabalham com fake news e criam narrativas ficcionais que fingem ser reais, confundindo o público.

Dessa forma, misturando alguns eventuais dados reais (no intuito de atribuir-lhes  verosimilhança) com inúmeras fake news, uma Teoria da conspiração cria uma história para explicar algum problema real.

Isso pode nos levar a imensas tragédias.

“Os protocolos do sábio de Sião” foi uma Teoria da Conspiração clássica da história da humanidade. Era um texto ficcional que provava que existia uma conspiração dos Judeus. Explorado pelos nazistas, esse texto ficcional ganhou status de realidade e foi usado como justificativa para o extermínio de milhões de judeus.

A análise de como isso aconteceu está em Umberto Eco (Seis Passeios pelos Bosques da Ficção).

Esse exemplo mostra a influência negativa de uma história ruim, o poder destrutivo de uma Teoria da Conspiração, se levada a sério.

Como consumidores, temos de lutar para separar uma boa história de uma ruim e reconhecer rapidamente uma Teoria da Conspiração.

Há quem pense que o que define uma história como Teoria da Conspiração seja apenas a existência de fake news.

A verdade é que muitas se utilizam de fatos falsos, sem dúvida, porém,  no limite é possível existir uma Teoria da Conspiração apenas com fatos reais. 

Gera muito mais trabalho, mas é possível; Quem trabalha como roteirista de documentários, por exemplo, sabe que isso é perfeitamente viável.

Podemos e devemos combater a disseminação de falsas notícias, é fato.

Mas é imprescindível que sejam debatidas também as Teorias da Conspiração que, mesmo partindo de fatos reais, podem criar interpretações falsas e ou conclusões que somente aumentam o ódio.

A “falsidade dos fatos” não é o único critério narrativo para definir uma Teoria da Conspiração, como já foi citado.

Existem mais duas formas de reconhecê-las: o estilo narrativo e os efeitos práticos das conclusões que você chegou com essa narrativa.

Esse critério estético/formal para definir o que é uma Teoria da Conspiração pode ser mais até mais útil para que o cidadão comum a identifique imediatamente e fuja delas.

Afinal, obrigar todas as pessoas a checarem os fatos, é simplesmente inviável. Isso ninguém consegue fazer

Mais fácil é ensiná-las a reconhecer o tom estético de uma Teoria da Conspiração. 

E saber se afastar dela e/ou desconstruir essa narrativa.

Uma Teoria da Conspiração é uma esfinge: Decifra-me ou te devoro!

É seu estilo narrativo que gera paranoia, fanatismo e radicalismo.

Outra diferença é que a boa história ,ao ligar fatos de forma inusitada, revela os mecanismos de dominação e, dessa forma, ajuda a rompê-los.

Já a narrativa ruim ao fazer isso prejudica o mundo, pois constrói modelos de dominação falsos e, assim mantém as pessoas escravizadas, empregando seu ódio em brigas tribais entre elas, o que não resolve o problema real e mantém a hegemonia intacta.

É simples . O teste é prático.

As Teorias da Conspiração negativas aprisionam as pessoas em paranoias. Pensamentos como “todos estão me roubando”, “todo político é ladrão”, “ são todos machistas”,”são todos racistas”, etc. São pensamentos que lembram a demência, pois não são baseados na realidade.

Sabemos que a grande maioria possui em seu íntimo, momentos racistas, machistas e tal

Mas não somos principalmente isso, somos também mães, pais, amigos, líderes bem intencionados, etc.etc..

Considerar que todos são vilões fascistas ou comunistas é apenas um delírio

A média das pessoas é boa e continua sendo boa gente.

A crença de que“todos vão me roubar”, por exemplo, é apenas uma obsessão, gerada pelo consumo exacerbado de programas sensacionalistas.

Reparava isso em mamãe, ela estava com demência causada pela idade, e passava o dia todo achando que estava sendo roubada: “roubaram minha roupa”, roubaram meu dinheiro, e por aí vai

Sabemos que a demência vem da idade ou de doenças, mas qual demência? qual loucura?

Por que essa insanidade e não outra? Por que ela não entrou num delírio de que todos são bons?

Observando ela assistindo programas de crime (como assistia há décadas) pensei que uma hipótese é que essa falta de paz é o resultado de uma existência de consumo de sensacionalismo por décadas de sua vida. Mas minha mãe tinha 85 anos. É compreensível.

Triste mesmo é presenciar jovens de 20 a 30 anos, ingressantes no mercado de trabalho agindo assim.

É lamentável, mas pode se justificar, afinal, eles foram a primeira geração que passou a adolescência inteira nas redes sociais.

Como eles veem o mundo?

Como uma imensa Teoria da Conspiração do mal.

Então eles separam o mundo entre nós e eles. Uns são de esquerda, outros de direita, uns veem fascistas em todo lugar, outros veem comunistas por trás de tudo.

O que eles têm em comum é não confiar na boa fé do “outro lado”, e acreditar que existe “outro lado”.

O detalhe é que se você não confia no diferente você não escuta e não aprende e isso faz com que você não enxergue seus próprios erros.

É assim que surgem os fanáticos, os extremistas, os agentes da polarização.

Obviamente é muito triste, como disse, eles se comportam como pessoas senis, com demência e ambos são vítimas do consumo exacerbado de sensacionalismo.

Em termos de neurociência é possível dizer que se viciaram no medo ou em alguma enzima do medo.

Isso dá a impressão que a vida é uma batalha sem fim e eles clicam em suas telas de celular com a ânsia perene de quem consome uma droga pesada, essa ansiedade em estado puro, nunca satisfeita, gera inveja e ódio.

A solução para tudo isso não é simples.

O que o Movimento Utopia Brasil procura é ajudar a solucionar isso, para reduzir o nível de ódio na sociedade.

Perpassa pelo contato com natureza (humanos incluídos),mas esse são tratamentos para quem já sabe do vício e quer tratá-lo.

Outro problema é convencer os viciados que estão fanáticos, os loucos que estão malucos.

Para isso temos que disputar no território deles, nos vastos desertos digitais

É lá , no mundo digital, que nossos novos cavaleiros cavalgarão,disfarçados de influencers, gesticulando com prazer a micagem que for necessária, transmutando todo e qualquer ódio em amor.

Se eles querem distopia, iremos oferecer Utopia

Se eles querem Conspirações do Mal, vamos mostrar também as Conspirações do Bem.

Se eles querem medo, vamos dar esperança.

Se eles tem um Gabinete do Ódio,  nós temos um Gabinete do Humor

E, usaremos o humor para zombar do ódio e, ao final, chegar ao Amor.

São essas novas narrativas que temos de construir.

É para isso que o Movimento Utopia Brasil forma influencers para essa nova Era do Divino, todos conectados com o Mindset da Felicidade Tropical.

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